Bell
Marques anunciou na última terça-feira (10), via internet, que vai deixar o
Chiclete com Banana para seguir em carreira solo após o Carnaval de 2014. Bell
é a cara do Chiclete. É o representante maior de um grupo que arrasta multidões
por onde passa, apesar das raras aparições na grande mídia nacional. Após o
sucesso inicial alcançado nos anos 1980, a banda caminhou nos braços de seu
maior ativo: os fãs.
Através
de uma constante interação, o show do Chiclete é coletivo. Seja uma
apresentação de 50 minutos em festivais ou de mais de 4 horas em grandes
eventos, as músicas são sempre cantadas em coro. E a maior parte desse mérito
cabe a Bell, que deixa o protagonismo para o público.
À
frente da banda, o músico destaca-se. Não só pela inseparável bandana e pela
quase inseparável barba --que raspou uma vez para uma ação promocional, mas
porque sabe falar com o público e entende a paixão que as pessoas têm pelo
Chiclete. Bell atende as demandas dos que pagam caro para vê-lo cantar.
Bell
sempre diz que a grande preocupação do Chiclete com Banana é divertir as
pessoas. E agora, com sua saída, deixa no ar como isso continuará a acontecer.
A devoção pelo grupo pode estar prestes a diminuir. Sem Bell, ainda é
impossível avaliar até que ponto os hits e os 30 anos de história serão
suficientes para reter um público acostumado à imagem, ao carisma e à presença
de palco do atual vocalista.
Outras
separações do axé, como a da Ivete Sangalo e a da Claudia Leitte, deixaram
cicatrizes nas bandas originais. Antes entre os trios mais disputados do
Carnaval da Bahia, e sempre entre as músicas mais tocadas em rádio, a Banda Eva
e o Babado Novo, respectivamente, estão hoje relegados a segundo plano.
Ivete
e Claudia Leitte tornaram-se maiores após seguir carreira solo. Bell, em muitos
momentos --como no Carnaval de Salvador--, já é maior que o Chiclete com
Banana. No entanto, sua figura quase messiânica depende do legado musical que
ajudou a construir. A diferença do Eva e do Babado para o Chiclete é que este
tem mais história, diferentes gerações de fãs devotos e até torcidas
organizadas. Com a separação de Bell, as músicas permanecerão sendo um sucesso.
Já
os shows, fundamentais para o sucesso do Chiclete, não serão os mesmos. Mais do
que fãs, os chicleteiros consideram a banda uma religião. E a lacuna deixada
por líderes como Bell será um desafio a ser preenchido. Resta saber se a banda
será capaz de aproveitar e aumentar o espólio de Bell ou se o atual vocalista
conseguirá levar para sua nova empreitada o amor dos chicleteiros.
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