quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Saída de Bell pode deixar cicatrizes para o Chiclete com Banana




                Bell Marques anunciou na última terça-feira (10), via internet, que vai deixar o Chiclete com Banana para seguir em carreira solo após o Carnaval de 2014. Bell é a cara do Chiclete. É o representante maior de um grupo que arrasta multidões por onde passa, apesar das raras aparições na grande mídia nacional. Após o sucesso inicial alcançado nos anos 1980, a banda caminhou nos braços de seu maior ativo: os fãs.

                Através de uma constante interação, o show do Chiclete é coletivo. Seja uma apresentação de 50 minutos em festivais ou de mais de 4 horas em grandes eventos, as músicas são sempre cantadas em coro. E a maior parte desse mérito cabe a Bell, que deixa o protagonismo para o público.

                À frente da banda, o músico destaca-se. Não só pela inseparável bandana e pela quase inseparável barba --que raspou uma vez para uma ação promocional, mas porque sabe falar com o público e entende a paixão que as pessoas têm pelo Chiclete. Bell atende as demandas dos que pagam caro para vê-lo cantar.

                Bell sempre diz que a grande preocupação do Chiclete com Banana é divertir as pessoas. E agora, com sua saída, deixa no ar como isso continuará a acontecer. A devoção pelo grupo pode estar prestes a diminuir. Sem Bell, ainda é impossível avaliar até que ponto os hits e os 30 anos de história serão suficientes para reter um público acostumado à imagem, ao carisma e à presença de palco do atual vocalista.

                Outras separações do axé, como a da Ivete Sangalo e a da Claudia Leitte, deixaram cicatrizes nas bandas originais. Antes entre os trios mais disputados do Carnaval da Bahia, e sempre entre as músicas mais tocadas em rádio, a Banda Eva e o Babado Novo, respectivamente, estão hoje relegados a segundo plano.

                Ivete e Claudia Leitte tornaram-se maiores após seguir carreira solo. Bell, em muitos momentos --como no Carnaval de Salvador--, já é maior que o Chiclete com Banana. No entanto, sua figura quase messiânica depende do legado musical que ajudou a construir. A diferença do Eva e do Babado para o Chiclete é que este tem mais história, diferentes gerações de fãs devotos e até torcidas organizadas. Com a separação de Bell, as músicas permanecerão sendo um sucesso.

                Já os shows, fundamentais para o sucesso do Chiclete, não serão os mesmos. Mais do que fãs, os chicleteiros consideram a banda uma religião. E a lacuna deixada por líderes como Bell será um desafio a ser preenchido. Resta saber se a banda será capaz de aproveitar e aumentar o espólio de Bell ou se o atual vocalista conseguirá levar para sua nova empreitada o amor dos chicleteiros.

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